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A Educação Física na Escola

AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EJA

Saiba como desenvolver as aulas de educação física nos grupos EJA (Educação de jovens e adultos)
Estudantes devem perceber o próprio físico e a complexidade de seus movimentos.
Recreação ou a reflexões simplistas sobre a qualidade de vida não devem ser o foco.
Abril.com.br
Aulas de Educação Física para turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) são obrigatórias e importantes? A resposta para a pergunta é sim, embora muita gente ache desnecessário trabalhar as questões corporais quando a preocupação maior deveria ser aprender a ler, escrever e fazer contas.

A presença da disciplina na grade curricular é prevista desde 2001 na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), e facultativa para estudantes que trabalham, têm filhos ou são maiores de 30 anos, e oferecida em algumas escolas fora do horário regular - fatores que contribuem para marginalizar o estudo das práticas corporais.

"O físico adulto não é imutável ou um amontoado de partes. Está em constante movimento e forma um sistema integrado com o ambiente e a cultura, tal como o infantil. Não há motivo para deixar de estudá-lo e explorá-lo na EJA também", afirma Marcos Neira, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Para planejar as aulas, inclusive as teóricas (que têm prioridade na EJA), é fundamental levar esses pontos em consideração. "Além de ajudar o aluno a se ver como sujeito histórico, é preciso dar meios para ele perceber a diferença entre esforço e movimento, por exemplo. São questões a ser discutidas antes das técnicas específicas, como ensaiar o drible no futebol", explica Lorita Maria Weschenfelder, professora do curso de Educação Física da Universidade de Passo Fundo (UPF).

Fica claro que a disciplina não pode se resumir à recreação ou a reflexões simplistas sobre a qualidade de vida. O professor tem de atuar de maneira intencional, fornecendo subsídios para que os estudantes ressignifiquem o que já conhecem sobre as práticas corporais e desenvolvam novos entendimentos sobre o corpo humano. Confira as três principais estratégias didáticas para colocar tudo isso em prática.

Pesquisa do movimento

Situação que busca responder, com base em observações e estudos, as questões relacionadas aos gestos que fazem parte do cotidiano e aos que são planejados sistematicamente (os exercícios físicos) e ao modo como aparecem no dia a dia do grupo. Isso permite aos estudantes perceber as diferentes culturas corporais desenvolvidas na sociedade e como podem participar delas. Ao perceber o medo de envelhecer sentido pelos alunos do Centro Educacional Sesc Ler, em Gurupi, a 243 quilômetros de Palmas, o educador Iron Lisbôa Júnior propôs que eles estudassem as mudanças do corpo no decorrer da vida e quais as práticas físicas adequadas à terceira idade. "A pesquisa fez com que compreendessem que as mudanças do corpo e de desempenho é algo natural e que se exercitar continua sendo importante e possível", ele explica.

Experimentação das práticas corporais

Proposta para que os alunos entrem em contato com práticas novas ou revivam as que já conhecem (jogos, esportes, danças, lutas e ginástica) de modo consciente a fim de refletir sobre as condições do corpo ao realizá-las: quais membros são mais requisitados? É preciso força ou velocidade para realizar os movimentos? Nessa situação, é importante ter o cuidado de não excluir ninguém e saber lidar com a vergonha e o medo de errar de alguns estudantes. Kenya Barbosa, professora da EE Neidson Rodrigues, em Belo Horizonte, apostou em danças variadas para reunir a turma toda na atividade. "Todos dançaram em pares e cirandas tradicionais", ela conta. Para que a prática dê certo, é fundamental informar aos alunos com antecedência a importância de trajar roupas confortáveis e providenciar que todos interajam, independentemente da idade, o que permite perceber o próprio corpo em comparação com o dos outros.



Análise de atividades corporais

Dinâmica que propõe avaliar diversos movimentos em relação a suas especificidades e a seus benefícios. "A turma é bombardeada constantemente com informações sobre a importância do esporte para a vida, mas geralmente não tem conhecimento para diferenciar o que é importante do que é essencial e por quê", explica Jussara Paim, coordenadora da Educação de Jovens e Adultos da Escola Ilha de Vera Cruz, na capital paulista. Estudar a validade dos exercícios para melhorar o desempenho profissional, por exemplo, é uma das possibilidades de foco dessa proposta. Na instituição, como muitos estudantes trabalham realizando movimentos repetitivos, os professores de direcionaram a análise para as atividades que pudessem minimizar os problemas causados pelas repetições constantes, como o alongamento. "Os alunos precisam compreender o que vão fazer antes de praticar os exercícios físicos e a finalidade deles", argumenta Jussara.

Por Bianca Bibiano

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